O rio da unidade nacional: o São Francisco

esquece de onde veio e inicia a sua própria naturalização.

Mas, se fosse só isso, os leitores poderiam suspeitar de minha propaganda. Digo-lhes, porém, que há muito mais e em outro terreno, que não esse da vida humana: é a vida própria do rio, que parece ter uma iara formidável para encantar a todos que ali navegam e que organiza espetáculos especialmente para nós. E de que maneira surpreendente, só vendo para realmente emocionar.

Não há um poente do S. Francisco que não seja um deslumbramento de luz e de colorido, abrangendo todo o gigantesco azul do céu. Em alguns lugares, como no enorme remanso de quase uma légua de largura, à chegada de Oliveiras, a cena é tão perfeita que não cabe descrição cabal: é o céu de fogo, a água parada e, nas margens, espaçados, enormes morros de pedra nua, onde o reflexo do sol poente cria palácios encantados, que mudam de cor e nos transportam para Pasárgadas incaicas, países bizarros, em que o sol é deus, e com justa razão.

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