Foi nessa occasião que a provincia do Rio de Janeiro, ansiosa pela realização da estrada, que tanto incremento devia trazer á sua industria, votou os 2% addicionaes. Em consequencia da guerra do Oriente, os contratadores não puderão aceitar a condição de a encetarem immediatamente; desistirão elles (com a excepção de Mr. Lang) do ajuste.
O ministro brasileiro celebrou então o contrato com o Sr. Price por conta do governo brasileiro, o qual resolvêra organisar a companhia dentro do paiz.
Expostos os factos como elles passarão, manifesta-se o nenhum fundamento das asseverações do Sr. conselheiro Ottoni.
É claro que a estrada D. Pedro II não data da lei de 26 de Junho de 1852, pois antes dessa lei já o projeto dessa via ferrea existia em andamento, e pudera estar em termos de execução, a não serem os estorvos oppostos pelo governo e seus agentes.
O meu privilegio, que o Sr. conselheiro Ottoni afirma não ter passado da promulgação da lei que o concedeu, chegou até a organização de uma respeitavel companhia ingleza com o capital de 3 milhões de libras esterlinas.
Está na consciencia de todos, accrescenta ainda o illustre ex-presidente da companhia de D. Pedro II, que a idéa da via ferrea não deu um passo com o privilegio que me foi concedido. Era necessario suppôr uma perversão da consciencia publica para acreditar em semelhante asserto.
As populações da côrte e província do Rio de Janeiro, que tantas demonstrações de apreço me derão como o promotor desse melhoramento, protestão! Ainda o Sr. conselheiro Ottoni não sonhava gravar o seu nome no grande tonel da serra, nem mesmo exercer os seus talentos neste objecto, que já eu supportava sacrifícios e amargores por uma obra a que me dedicára de coração.
Quem soffreu a mofa dos rotineiros e o desdem dos espíritos descrentes? Quem arrostrou as primeiras e enormes difficuldades que levantára a iniciativa da idéa? Quem destruio por seus esforços a prevenção?
Não foi a lei de 26 de Junho de 1852, nem a influencia politica de Vassouras, que só appareceu em 1851.
De tudo, porém, o que mais offendeu-me na publicação do Sr. conselheiro Ottoni, é a parte em que parece attribuir a minha dedicação pela empreza da estrada de ferro a mero interesse pecuniario. Não só o diz expressamente, mas agrava esse acto com algumas considerações relativas á especulação de privilegios.
Enganou-se o illustre ex-presidente na sua insinuação. Meu privilegio não foi obtido pelo modo que refere; e o empenho com que trabalhei para realizar, attesta-o. Sem duvida que não prescindi na empreza do meu interesse privado, legitimo e honesto; se o fizesse, commetteria uma falta. Mas posso assegurar que não era elle o movel principal do meu zelo.
A minha clinica por esse tempo, e especialmente nos annos de 1848 até 1855, era tal que podia satisfazer as maiores ambições, se a quizesse