Tinha um pai, tinha uma mãe,
Tinha uma esposa e filhinhos,
A quem cobria de afetos
Em troca de mil carinhos...
Eram meus gozos completos
Como as aves têm seus ninhos,
Tinha eu também o meu
Guardado por sete anjinhos!
Prestes fatal moléstia
Se declara entre os meus;
Bateu as asas, voou
A Georgina para os céus,
Onde entre os anjos pousou
Sem sequer dizer-me adeus!
Quanto sofri, quanto sofro Ind'hoje, só sabe Deus!...
A esposa triste, banhada
Em prantos de acerba dor,
Apertei nos braços meus
Dizendo: "Chorai, amor,
Com os olhos fitos nos Céus,
Que eu choro com amargor.
São altos Juízos de Deus,
Bendito seja o Senhor!"
Ainda sangrava vivo
Cruciado o coração,
Ainda, ao pêso da dor,
Me não voltara a razão,
E novo quadro de horror
Nessa triste habitação!...
Todos do mal afetados,
Menos a esposa, essa não!
Altos Juízos de Deus!
Era a irmã de caridade,
Que a Divina Providência,
Por Infinita Bondade,
Ali deixara em essência! ,..
Em contínua atividade,
De um leito a outro leito
Vagava sem consciência
E outro anjo querido
Foi voando para os Céus,
Eurico sempre lembrado,
Penúltimo dos filhos meus!