Livrai-me desta voragem,
Dêste abismo de dor,
Que me procura arrastar
Ao desespêro, Senhor!
Os ecos me repetiam
As palavras de meu pai:
"Coragem, filho, coragem,
E em Deus sempre esperai!"
Ainda assim não descri
Da Divina Proteção,
Tive fé, tive esperança;
Pois só dá consolação,
Em tão dura provança,
Nossa Santa Religião,
Que nos ensina a sofrer
Com fiel resignação.
Submisso, embora oprimido
Pela dor a mais pungente,
Lenitivo ao meu sofrer
Implorei ao Deus Clemente.
Não cessou meu padecer,
Continuou, e doente
Caí eu com cinco filhos!...
Nem assim fiquei descrente!
A espôsa que só, de pé,
Nos servira de enfermeira,
Que com tanta humildade,
Fé robusta, e verdadeira,
Orava ao Deus da Bondade
Todo o dia, a noite inteira,
Que do mal os seus livrasse,
Caiu também derradeira!
Mas os ecos me repetiam
As palavras de meu pai:
"Coragem, filho, coragem,
E em Deus sempre esperai!"
Ainda hoje sangram vivas
As chagas do coração,
Que as alimenta a saudade,
E esta não se acaba, não!
Mas lhe quebra a intensidade
Nossa Santa Religião
Que nos tempos de amargor,
Só, nos dá consolação!