Cochranes do Brasil; a vida e a obra de Thomas Cochrane e Ignacio Cochrane

cuja base de operações era a importação de escravos da costa da África"(4) Nota do Autor.

Mas, deixemos que o próprio Dr. Thomas Cochrane relate-nos as circunstâncias que o levaram a conceber o audacioso plano. Vale a pena transcrever, na íntegra, o seu depoimento:

"Foi em 1838, por ocasião de uma excursão que fiz ao interior do Rio de Janeiro, que pela primeira vez tive a ideia de empreender a construção de uma estrada de ferro no Brasil.

O sistema de transportes, adotado no país, sistema que reunia os três maiores defeitos da condução - a carestia, a lentidão e risco, bastou para despertar esse pensamento, que a fertilidade do solo acoroçoava.

Era meu companheiro de jornada o Sr. Barão de Schnéeburg, hábil engenheiro e meu amigo. Auxiliado por ele, tratei logo de estudar a exequibilidade da ideia; examinando as condições topográficas e atendendo à população e cultura dos municípios. Quanto à parte técnica, preocupava-nos especialmente a possibilidade do trajeto da serra"(5) Nota do Autor.

Não deixou ele de lembrar uma iniciativa anterior, embora inconsequente houvesse sido:

"Antes de mim, só houve a respeito de vias férreas no Brasil uma veleidade do Marquês de Barbacena, quando esteve em Londres. Não passou de uma aspiração vaga, como sem dúvida aparece por toda a parte"...

Cada vez mais entusiasmado, logo que regressou à cidade do Rio de Janeiro e naquele mesmo ano de 1838, solicitou ao Governo Imperial a necessária concessão para construir uma estrada de ferro. Não levou em conta os termos estritos do art. 1.° do já citado Decreto n.° 100. Pretendia dar ao país uma via férrea que, partindo da capital do Império, fosse alcançar - note-se bem! - a Província de São Paulo.

A tramitação do requerimento foi lenta. Por isso mesmo, semente a quatro de novembro de 1840, por Decreto da lavra do Conselheiro Antônio Carlos, foi-lhe concedido, pelo prazo de 80 anos, privilégio exclusivo para, por si ou através de companhia que viesse a organizar, construir um caminho de ferro que, partindo da Corte, atravessasse a Serra do Mar no local mais conveniente e, depois de passar por Piraí, Barra Mansa, Resende e Campo Belo, fosse atingir a Província de São Paulo.

Cochranes do Brasil; a vida e a obra de Thomas Cochrane e Ignacio Cochrane - Página 35 - Thumb Visualização
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