Em sua edição de 11 de novembro de 1840, o Jornal do Comércio publicou a íntegra do ofício dirigido ao Dr. Thomas Cochrane, que é o seguinte:
"S. M. o Imperador manda remetter a Vm. para seu conhecimento a inclusa copia do decreto de 4 do corrente, pelo qual houve por bem conceder-lhe privilegio exclusivo pelo tempo de oitenta annos, para a construcção de hum caminho de ferro, que principie no Municipio da Corte e termine na provincia de S. Paulo; hem como a copia das condições a que o mesmo se refere.
Deos guarde á Vm.
Paço, em 5 de Novembro de 1840
Antonio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva. Sr. Thomas Cochrane."
Não havia tempo a perder. No dia 25 de novembro desse mesmo ano de 1840, lançou o Dr. Thomas Cochrane as bases da Imperial Companhia da Estrada de Ferro, com um capital de oito mil contos de réis, dividido em 16 mil ações de 500$000, cada uma. E, dois dias depois, publicou o Jornal do Comércio um prospecto, verdadeiro manifesto dirigido ao povo brasileiro, anunciando o empreendimento, na esperança de obter o indispensável apoio financeiro.
O documento é dos mais interessantes. Nele figuram os nomes que compunham a Diretoria provisória: Joaquim José Pereira de Faro, José Antonio de Oliveira Silva, Antonio da Cunha Barbosa Guimarães, Miguel Eugenio Monteiro de Barros e Thomas Cochrane; como também o Tesoureiro - João Pedro da Veiga, e o Secretário - Carlos Pentland, signatário do "Prospecto".
Lá estão os objetivos do empreendimento: "transportar, por máquinas locomotivas ou qualquer outro motor, posteriormente descoberto, não só todas as mercadorias e gêneros de Serra Acima, e vice-versa, como também passageiros, gado vacum, porcos, etc., madeiras, lenha e vários outros produtos que não podem descer pelo presente modo de transporte".
Lá figuram as vantagens oferecidas pelo novo meio de transporte, que o brasileiro só conhecia por notícias procedentes da Europa: "A grande vantagem resultante deste novo sistema de itineração não deve ser indiferente aos fazendeiros e negociantes residentes no interior do país, visto aumentar-lhes o valor dos seus terrenos e facilitar-lhes as comunicações mercantis", porque pretendia a empresa "construir armazéns