Cochranes do Brasil; a vida e a obra de Thomas Cochrane e Ignacio Cochrane

estrada devia ser construída em plano paralelo ao horizonte"... THEOPHILO OTTONI pensava que era necessário garantir o dinheiro do Tesouro Imperial (o que o projeto não previra) e desejava que, se tal sacrifício financeiro viesse a ser feito, o fosse em favor da empresa que maiores vantagens oferecesse. SOUZA MARTINS confessava, de público, que, em sua opinião, sobre o assunto a ignorância era geral...

Mesmo assim, foi o projeto aprovado e, a seguir, encaminhado ao Senado. Sobreveio, então, a Revolução Liberal de 1842, iniciada em Sorocaba a 17 de maio e em Barbacena a dez de junho, o que ocasionou o esquecimento do assunto,

Somente na sessão de três de fevereiro de 1843 passou a ser discutido no Senado. Ali, COSTA FERREIRA pronunciou-se inteiramente a favor, porque "os vapores e as estradas de ferro são os verdadeiros laços que hão de unir o Brasil". Já HONÓRIO HERMETO CARNEIRO LEÃO, futuro Marquês do Paraná, era de opinião que, "com oito mil contos, quando muito se poderá fazer entre nós oito léguas de estrada; entretanto, esta tem de percorrer, só até Resende, 30 léguas". Outros alegaram que era necessário fazer economia, em virtude das perturbações causadas pela Revolução de 1842 sobre as finanças nacionais. Todavia, o argumento mais sério tinha caráter doutrinário: espelhando as ideias reinantes do liberalismo econômico, parecia a muitos inconcebível admitir-se um Estado industrial e nem mesmo que o Governo do Império viesse a fazer parte, como acionista, de uma empresa particular(15) Nota do Autor. E o projeto acabou por ser rejeitado.

Em seu Esboço Histórico, o Dr. Cochrane assim registrou o fato, que tanto o vinha prejudicar:

"Na legislatura de 1843, tive a infelicidade de perder por um só voto a causa da prosperidade do Brasil, que eu pleiteava com todo o ardor ante seus representantes.

Não esmoreci, contudo. Tinha-me dedicado de corpo e alma a essa ideia, e ainda hoje (1865), à parte qualquer interesse pecuniário e o mínimo ressaibo de inveja, me dói, quando me lembro que a glória de a realizar me foi arrancada!

É verdade que para atribuí-la a quem mais a merecia."

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