entre os indivíduos reunidos em grupos sociais. O espetáculo empolgante do coletivismo atual pode ser reduzido pela crítica psicológica aos eternos radicais de um individualismo incompreensível e que reage contra a ideia gregária em conflito, que hoje não é de modo algum diferente do que se nos depara através de todo o desenvolvimento histórico da humanidade.
Entre as exteriorizações múltiplas da vitória coletivista e a realidade de que ela é apenas a expressão dramática, há um contraste que não é difícil por em relevo. A subordinação do indivíduo ao todo social, a absorção dos interesses particulares e das iniciativas dele promanadas por uma consciência coletiva dominadora e ditatorial, conforme o prognóstico do desenvolvimento dialético da sociedade formulado por Marx, implicavam em uma ascensão das massas, determinando a conquista efetiva do poder por parte delas. A ditadura proletária, que deveria nos termos do apocalipse socialista preparar o advento de um estado definitivo de homogeneidade estrutural da sociedade, diferenciava-se no pensamento marxista do conceito tradicional da ditadura como domínio exercido sobre a coletividade por um indivíduo ou por um círculo muito limitado de pessoas. Encarada do ponto de vista em que se colocava o autor de O Capital, aquela ditadura seria apenas o efeito automático da conquista dos meios de produção pelas massas trabalhadoras. Bem outra é a situação que se nos depara na prática da grande experiência russa.