proclamado em todos os tons, como fórmula única em que a humanidade pode depositar esperanças de salvação e de felicidade. O ideal da liberdade individual é achincalhado como sobrevivência de uma crença morta, a que apenas se apegam retardatários e passadistas. Julgando as possibilidades do futuro por esses sinais dos tempos, ninguém hesitaria em prognosticar que a civilização de ora em diante terá um cunho inequivocamente coletivista e que a personalidade humana irá pouco a pouco perdendo os seus traços de diferenciação autonômica, até que os indivíduos se convertam em simples engrenagens de uma maquinaria colossal, cujo funcionamento será regido apenas pela ideia de tirar o máximo partido das unidades componentes em proveito da força e da capacidade de expansão de uma entidade abstrata, que passará a ser a nova realidade admitida pela consciência social.
Entretanto, a vitória do coletivismo é muito menos completa e definitiva, que seríamos induzidos a crer pelos sintomas dramáticos da derrocada individualista. Se passarmos do exame dos acontecimentos considerados de um modo global e através das suas expressões mais berrantes para uma análise mais profunda da vida que se agita por sob essas impressionantes aparências, seremos levados à conclusão à primeira vista paradoxal de que a realidade social contemporânea é ainda a manifestação de forças, nas quais se refletem tão acentuadamente como sempre as características dos antagonismos, das lutas e das separações