A guerra de 1914 não foi por certo a última das grandes lutas internacionais; mas foi o ponto de partida da liquidação irremediável do militarismo. Com o colapso da formidável máquina militar alemã, ruiu não somente o único reduto em que ainda subsistiam os remanescentes do regime feudal na Europa, como caíram também desprestigiadas as bases intelectuais e morais da organização do militarismo. Entre o armamentismo do pós-guerra e a paz armada mantida até agosto de 1914 há uma diferença radical, como também profunda será a distinção entre as guerras futuras e as que ocorreram antes daquele momento decisivo da história do mundo. Afigura‑se‑nos que o desânimo pessimista dos pacifistas desiludidos e a confiança enganadora dos retrógrados que permanecem apegados à miragem do militarismo destruído resultam ambos de uma apreciação errônea da natureza essencial do problema da paz e da guerra. Colocados em pontos de vista igualmente falsos, uns e outros deixam de julgar a situação presente do mundo em termos realísticos e chegam assim sob a pressão de motivos opostos a uma mesma conclusão com que se iludem respectivamente em abatimento sem causa e esperanças que felizmente não têm fundamento.

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O pacifismo que não pôde impedir a conflagração de 1914 errava sob a influência da ideologia falsa de que