O Brasil na crise atual

e as incertezas que contribuem para estabelecer a confusão nos espíritos, suscitando um pessimismo injustificado e perturbando o desenvolvimento natural de uma questão, que terá de ser resolvida de pontos de vista totalmente diferentes.

A paz universal, encarada como resultado de um renunciamento espontâneo dos elementos de força ao alcance dos grupos nacionais resignados a admitirem o princípio de uma igualdade na intervenção sobre a marcha dos negócios do mundo, é uma utopia e se não o fosse redundaria em verdadeira calamidade para a civilização. A eliminação ou pelo menos a restrição ao mínimo de possibilidade dos conflitos armados entre as nações civilizadas será irrealizável, enquanto for considerada como dependente de metamorfoses morais e de transformações profundas dos instintos, sobre os quais assentam em última análise todas as concepções éticas. O problema tem que ser deslocado desse terreno para o plano da realidade objetiva determinada pelas tendências concretas da própria civilização e pelos interesses que nela se criam, constituindo outras tantas forças de cujo jogo dependem a paz e a guerra. O pacifismo absoluto, isto é, a extinção do instinto guerreiro no homem, envolve a aspiração doentia para o abatimento da vitalidade, de que resulta a vontade de afirmação e de domínio convertida em ímpeto belicoso sempre que a ela se opõem resistências e obstáculos. Uma humanidade pacífica seria por isso mesmo decadente e a sua debilidade progressiva viria

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