incautos como um choque entre ideais opostos de civilização, foi um conflito cujas origens econômicas só não se tornaram perceptíveis aos que obstinadamente se recusaram a examiná-las com alguma serenidade. O sentimento francês de ânsia por uma desforra dos revezes de 1870 e das mutilações territoriais impostas pela paz de Frankfurt se teria dissipado se as províncias perdidas não representassem um elemento econômico, cuja falta veio a pesar de modo profundamente prejudicial à expansão da indústria metalúrgica da França. Um retrospecto de certos fatos mostra não ser leviana a nossa proposição. Dois decênios após o desastre de 1870, a ideia da revanche começou a perder rapidamente o seu caráter obsedante sobre o espírito francês, inclinando-se as novas gerações para uma atitude que se não era ainda de reconciliação com a Alemanha, prenunciava contudo a possibilidade de um entendimento cordial entre as duas nações em futuro relativamente próximo. A cooperação franco-russo-alemã em 1894 a propósito do conflito sino-japonês deu bem claramente a medida da aproximação gradual entre os dois inimigos ainda separados por tão amargas recordações. Entretanto, mais ou menos nessa época começa a acentuar-se o ritmo de expansão da economia alemã. As indústrias nascidas no Reich à sombra do protecionismo bismarckiano haviam, ao cabo de uns 20 anos, chegado ao nível de desenvolvimento acelerado, em que as mecanofaturas alemãs entravam no campo da concorrência mundial, começando a ameaçar