O Brasil na crise atual

a supremacia comercial inglesa. Patenteava-se então que os vencedores de 1870 iriam adquirir pela riqueza uma potência no continente europeu, que reduziria a França a inevitável subalternidade. Todo esse poderio que rapidamente se edificava baseava-se na siderurgia. A França sentiu que, pela deficiência da sua indústria pesada em relação à Inglaterra e à Alemanha, estava ameaçada de um declínio econômico com todos os seus corolários políticos e culturais. E compreendeu também que, possuidora dos campos carboníferos da sua região setentrional, ela se achava contudo manietada no seu surto metalúrgico pela perda das jazidas de ferro da Alsácia e da Lorena, vendo-se a sua siderurgia na contingência de entrar em acordo com os seus rivais do outro lado da fronteira para o suprimento de minério. Desse momento data o ressurgimento do espírito de hostilidade e o revigoramento progressivo da aspiração de reconquistar as províncias perdidas.

O antagonismo da Inglaterra e da Rússia à Alemanha era de caráter econômico ainda mais transparente. A rivalidade anglo-alemã, que até o início do reinado de Guilherme II tinha o caráter de extrema improbabilidade, expressa na frase de Bismarck sobre uma luta impossível entre o elefante e a baleia, decorreu pura e simplesmente de uma situação econômica originada em grande parte no progresso da técnica da construção naval. A supremacia comercial da Inglaterra, desde o início da navegação a vapor, baseava-se principalmente na posse de quase todas as estações de

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