O Brasil na crise atual

das aspirações que ela implicava no problema especial de cada um dos grupos nacionais ou étnicos envolvidos no conflito constituía condição propícia ao sucesso de qualquer órgão como a Liga das Nações. O que os tratados de paz fizeram foi em parte o desvirtuamento do princípio das nacionalidades pelo estímulo a desmedidos nacionalismos que ele não implicava e também a violação flagrante daquele princípio pela distribuição territorial, em muitos casos realizada com a mais brutal infração do conceito autodeterminativo dos destinos dos grupos nacionais. Assim, o desvirtuamento e a violação do princípio das nacionalidades solaparam nos próprios alicerces a estrutura malfadada da instituição imaginada por Wilson. Como era natural e inevitável mesmo, a Liga fundada em terreno tão inadequado veio a corromper-se progressivamente no seu funcionamento. Durante os seis primeiros anos de existência, o instituto de Genebra não foi mais que o liquidante da guerra, não como pacificador, mas como executor antipático das cláusulas mais infelizes dos tratados de 1919. E quando em fins de 1925 os acordos de Locarno começaram a alterar a situação intolerável de opressão dos vencidos, a Liga já se achava por tal forma comprometida e desprestigiada que bem se podia prever a decadência, cujo epílogo viria anos mais tarde com a retirada do Japão e depois com o golpe dramático de Hitler.

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