O Brasil na crise atual

começando a notar-se sintomas de uma reação contra a fobia dos especialistas em questões de Estado, ainda assim não é inoportuno lembrar que em nenhuma fase histórica se fixou, como condutor de homens ou solucionador dos problemas do governo de uma nação, qualquer amador que tivesse feito da política simples biscate para digressão dos encargos de outro ofício em que se tivesse profissionalizado. Nem é difícil avaliar-se como a especialização, reconhecida como necessária em todas as formas de atividade, é mais imprescindível no terreno particularmente delicado e complexo da política. E tão grande é a necessidade de apurar-se qualidades especiais do espírito e disciplinar o temperamento para agir com destreza e eficácia nesse campo, que a experiência histórica demonstra as vantagens da própria seleção hereditária dos homens de Estado, dando lugar à formação de uma classe, em que o jogo repetido das aptidões políticas através de várias gerações acaba por criar nos indivíduos um automatismo, que lembra o aperfeiçoamento dos sentidos conferido ao artista pela herança de uma estesia refinada. Estas considerações levam-nos naturalmente a encontrar o primeiro fator da inferioridade dos homens da primeira República, quando os comparamos com os estadistas da época imperial.

Sob o ponto de vista do aparelhamento mental para o exercício das atividades políticas, as gerações da monarquia não eram superiores às que se moveram nas

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