O Brasil na crise atual

O estabelecimento do regime federativo concorreu também para dar à política nacional aspecto que tendia a diminuir os seus protagonistas no conceito público.

Com a substituição do regime de extrema centralização do Império unitário por um sistema no qual a autonomia desafogava as províncias, deixando a seu cargo os negócios regionais, ocorreu uma transformação profunda e de grande alcance nos costumes políticos e na própria mentalidade dos elementos de elite em todo o país. Durante a Monarquia as possibilidades de uma carreira pública se concentravam exclusivamente no cenário central, onde se moviam os árbitros dos destinos da nação e onde se decidiam todas as questões, inclusive as de caráter mais estritamente regional e local. Somente aos elementos que se conformavam com a sua inferioridade ou que não tinham ambições podia interessar o círculo estreito da vida provincial. Desde a adolescência quem sentia o desejo de aproveitar as qualidades que possuía ou de que se julgava imaginariamente dotado lançava imediatamente os olhos para a Corte, que era o único cenário em que o brasileiro podia então aspirar ao desempenho de um grande papel na vida, fossem as suas ambições de natureza política ou se encaminhassem para o exercício de qualquer das profissões liberais. O afluxo dos homens mais capazes para a capital do país e a preocupação de passar o mais depressa possível da política provincial para o campo mais amplo do parlamento do Império

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