O Brasil na crise atual

ponto de vista, temos seguido diretrizes flagrantemente inferiores às adotadas pelas outras nações do continente. Em todas elas fez-se sentir a mesma influência nefasta da imitação dos modelos da democracia surgida na Europa sob a pressão da Revolução Francesa. Mas em alguns casos, as instituições adaptadas permaneceram mais ou menos como símbolos platônicos, que não impediram o desenvolvimento natural das sociedades através das vicissitudes de ditaduras e insurreições, nas quais se refletiam os elementos de realidade da vida coletiva. Em outros casos as formas políticas estabelecidas eram aclimatáveis. Foi o que aconteceu no Chile e depois na Argentina, cujas constituições calcadas em ideias europeias correspondiam à fisionomia igualmente europeia daquelas duas repúblicas.

No caso brasileiro, em que se impunha exatamente o máximo de originalidade na organização política, foi precisamente aquele onde encontramos os efeitos de um exotismo levado aos extremos do ridículo. A causa do predomínio de influências estranhas na orientação do nosso pensamento político desde que nos emancipamos da metrópole é fácil de encontrar-se. Os movimentos de libertação nacional nas colônias espanholas foram dirigidos preponderantemente por homens práticos, integrados na vida econômica local e conhecendo muito melhor os problemas concretos da sua terra que as doutrinas exóticas, cuja influência sobre eles era muito superficial. Há sem dúvida uma exceção a esta regra e aliás de grande vulto, que é caso de Bolívar.

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