deveria conduzir a sociedade da etapa capitalista ao estado sintético da socialização integral. Somente na obra de Georges Sorel aparece a primeira sistematização lógica da ideologia revolucionária, como base doutrinária de um método característico de ação social transformadora e criadora. O grande espírito do autor de Réflexion sur la violence foi o introdutor da ideia da descontinuidade na interpretação do processo sociogênico. As três ideias fundamentais do extraordinário pensador francês — caráter descontínuo do progresso social, função da vontade na determinação das diretrizes desse progresso e o papel da ilusão mítica como propulsora das atividades revolucionárias — formam a trilogia ideológica do revolucionismo contemporâneo. A influência dessa tríplice fundação dogmática faz‑se sentir de modo inequívoco na mentalidade dos dois grandes revolucionários práticos do século XX, Lenine e Mussolini. Sobre o primeiro o cunho do pensamento soreliano destaca-se com tal nitidez, que não nos parece exagerado afirmar ter ele neutralizado e mesmo em alguns pontos sobrepujado a formação cultural marxista do criador da Rússia soviética. Não é somente em aspectos práticos da ação construtiva de Lenine que transparece com inconfundível clareza a influência de Sorel; é no próprio conceito global do fenômeno revolucionário que sentimos o protagonista do Outubro russo mais perto do revolucionismo ativo do pensador francês que da majestosa concepção dialética do autor de O Capital. No Duce fascista depara-se-nos