O Brasil na crise atual

tomara conta do país e renovara a sua estrutura política. Um dos sinais mais característicos e também mais auspiciosos do progresso espiritual realizado insensivelmente pela nação através das vicissitudes dos 40 anos da primeira República foi exatamente a inesperada manifestação de uma rebeldia contra a política teórica, que nunca tomara conhecimento da realidade do meio que se propunha a organizar segundo modelos aprioristicamente elaborados. Um movimento novo no sentido do realismo político parecia prometer nos primeiros tempos que se seguiram à revolução de outubro uma reconstrução nacional, capaz de dar-nos instituições que se adaptassem às nossas condições e aos nossos problemas. Entretanto, as correntes que se encaminhavam em tal sentido não tiveram força para impor-se e neutralizar outras influências fortemente impregnadas de exotismos variados.

O estudo dessas últimas tendências proporciona-nos um meio de apreciar as causas que anularam o ímpeto renovador da revolução brasileira. Antes de examiná‑las, é preciso assinalar que a ação desvirtuadora do sentido nacionalista adquirido pela revolução de outubro em consequência da repercussão espontânea de tendências latentes no subconsciente coletivo, antes que do efeito de qualquer plano dos seus autores nessa direção, foi muitíssimo facilitada pela inconsistência das aspirações a uma libertação do artificialismo político e do julgo de formas copiadas de instituições estranhas.

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