O Brasil na crise atual

O nacionalismo brasileiro não constituía um programa; era apenas uma vaga associação de ideias e de intuições, que ainda não se haviam definido na consciência coletiva sob o aspecto nítido de um conceito geral para a orientação política da nacionalidade. Na alma de cada brasileiro agitava-se uma imperfeita noção intuitiva da necessidade de expurgarmos as sedimentações com que se vinha durante mais de um século asfixiando o gênio nacional sob o peso de cousas que não nos pertenciam e às quais não nos podíamos adaptar. Mas esse sentimento diluído pela totalidade da nação não tomara no espírito da elite dirigente as formas claras de uma representação mental do problema brasileiro.

Ainda na mesma ordem de ideias, devemos abordar aqui outro aspecto a nosso ver essencial no estudo da revolução de 1930, que é o seu caráter prematuro. A opinião generalizada é ter a revolução ocorrido quando as circunstâncias a tornavam inevitável. Um dos organizadores do movimento de outubro, Virgilio de Mello Franco, na obra mais documentada que apareceu sobre a gênese da revolução (1)Nota do Autor, definiu esse ponto de vista de modo lapidar, dizendo não ter sido ela boa, nem má, mas inevitável. Discordamos radicalmente de semelhante ponto de vista. Afigura-se-nos que a revolução de 1930 teve como principal e talvez único defeito ter sido um movimento político precipitado por circunstâncias fortuitas e por motivos pessoais dos seus

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