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O que a revolução não podia realizar por faltar-lhe a força viva de uma ideologia coerente, as correntes impregnadas de influências exóticas tentaram levar por diante, procurando cada uma delas impelir o ímpeto revolucionário para a escola estrangeira donde recebia inspiração. Mais uma vez o Brasil deveria refletir no espelho fosco da sua sociedade étnica e culturalmente heterogênea os raios emanados de longínquos centros de luminosidade transatlântica.
Duas ideologias propuseram-se a capturar o Brasil revolucionário, reproduzindo no século XX em circunstâncias evidentemente diferentes a competição catequista de calvinistas e jesuítas. O comunismo russo e o fascismo italiano surgiram como os dois credos que se disputavam a missão de plasmar um Brasil novo. Insucesso estava entretanto reservado às duas escolas de neocatequistas, embora tanto na fé moscovita como na nova religião capitolina muita cousa houvesse de universal e portanto de possível aclimação ao meio brasileiro. Mas nem o comunismo, nem o fascismo podiam ser transplantados para o Brasil no conjunto das suas configurações institucionais, porque um era criação peculiar do gênio da Ásia infiltrado na alma eslava com o sangue das bordas de Gengis Khan. E o outro não podia encontrar no Brasil as sedimentações milenárias