O Brasil na crise atual

de formação histórica em que Mussolini abriu os alicerces da nova Itália imperial. E assim, comunismo e fascismo só têm servido para distrair os brasileiros do seu verdadeiro roteiro revolucionário e fazê-los voltar descontentes e desiludidos para o velho arraial, em que durante um século marcamos passo no nosso desenvolvimento histórico, acreditando que progredíamos por andar a macaquear ridiculamente parlamentares ingleses e juízes norte-americanos.

Mas não se traumatiza em vão um organismo nacional. E o choque de outubro de 1930 abalou o Brasil de modo a não lhe permitir a volta ao equilíbrio, enquanto não se puser em harmonia com o sentido particular da sua formação e do seu destino. Qual tenha sido essa formação começamos hoje a sabê-lo com mais ou menos precisão. Quanto ao destino temos todos ainda uma ideia muito vaga que flutua entre a crença megalomaníaca em uma espécie de império universal, nos momentos raros e passageiros de exaltação cívica, até a opinião mais normal de que vegetaremos de geração em geração, levando as cousas mais ou menos como elas têm vindo até agora. Contudo, sem se poder fazer prognósticos, é fácil afirmar-se que o Brasil, sem talvez conseguir candidatar-se à liderança da humanidade, não realizará por certo o prodígio de prolongar por muitas dezenas de anos o regime de provisoriedade histórica em que temos vivido desde a independência. Tornar‑nos‑emos conscientes das nossas próprias realidades sociológicas e do sentido dado ao nosso desenvolvimento

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