constante do parcelamento da terra e da gente em unidades administrativas com que o governo de Lisboa pudesse sempre lidar separadamente, de modo a impedir que se estabelecessem entre elas vínculos de união capazes de servir de trama à estrutura de uma nacionalidade coesa. Aliás, nesse ponto Portugal seguia apenas o critério geral das nações colonizadoras. A Grã-Bretanha fez o mesmo em relação às suas colônias da Nova Inglaterra, o que não impediu que elas afinal emergissem do Congresso de Filadélfia congregadas em uma unidade federativa, para só modificar por completo esse rumo da sua política colonial cerca de um século após a dura lição americana e quando apareceu para guiá-la nesses assuntos o gênio imperial de Disraeli.
Mas se Portugal, para impedir que os Brasis se tornassem um Brasil, nos manteve separados nos compartimentos estanques das províncias sobre as quais a autoridade quase platônica dos governadores gerais e depois dos vice-reis fora apenas um decorativo símbolo da Coroa distante, parecia lógico que ao querermos constituir exatamente aquilo que a metrópole procurara evitar, tivéssemos tido desde logo o cuidado de abandonar as bases do sistema lusitano. Nos Estados Unidos, onde as colônias formadoras do núcleo inicial da União se achavam em um regime de mútua separação muito mais profundo que no Brasil, o espírito nacionalista de Alexandre Hamilton, não podendo chegar ao sistema unitário que ele teria desejado organizar, deu à configuração federativa uma forma de coesão econômica,