O Brasil na crise atual

forma de atuação nitidamente política, orientada no sentido dos interesses gerais a princípio da região provincial e mais tarde do próprio conjunto da nacionalidade. Assim, o patriotismo brasileiro teve uma formação caracteristicamente centrípeta, irradiando para a convergência de uma ideia nacional não das províncias que permanecem como simples divisões administrativas, mas dos municípios que são os núcleos ativos de uma consciência política gradualmente evoluída.

Tendo sido na sua origem simples configuração administrativa e burocrática, a província, como acima observamos, passou a ser o instrumento político com que o governo da metrópole impedia a consolidação de uma nacionalidade brasileira. Embora o município tivesse sido sempre o centro de elaboração de atividades políticas na colônia e o núcleo gerador da ideia nacional, os resultados antibrasileiros, visados pelo regime administrativo que a metrópole estabelecera e mantinha, vieram afinal a fazer-se sentir. Quase sem relações umas com as outras e ligadas entre si pelos vínculos meramente platônicos que se enfeixavam nas mãos dos governadores-gerais e depois dos vice-reis, as províncias não podiam escapar ao desenvolvimento de um particularismo regionalista, que com o correr do tempo acabou por individualizar em grupos mais ou menos definidos as respectivas populações.

Vieram a criar-se assim no Brasil colônia duas correntes psicológicas bem diferenciadas. Uma era a do sentimento nacional ainda mal caracterizado e que

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