substituindo assim a ideia de existência substancial pelo conceito de duração e dando apenas realidade ao acontecimento, não mais encarado em função do espaço e do tempo como fatores distintos, mas coordenados e interdependentes na noção única do espaço/tempo.
O reflexo da nova metafísica científica no domínio sociológico e através dele nas atividades práticas da política vinha reforçar a ação dos outros elementos que deslocavam o pensamento político do evolucionismo para o revolucionismo. Uma vez admitido que o conjunto da realidade era apenas uma sucessão de durações, um encadeamento de acontecimentos, cada um destes, não obstante a sua solidariedade com a realidade total, tinha a sua autonomia dinâmica nitidamente caracterizada, dependendo apenas dos seus antecedentes imediatos e projetando‑se em efeitos peculiares que se traduziriam na duração imediatamente sucessiva. Assim, em vez de um processo de desenvolvimento concatenado de origens inacessíveis a finalidades indetermináveis, o progresso histórico pode ser interpretado como uma série de durações individualizadas e concretizando cada uma delas a ação determinante de fatores imediatamente precedentes. Não é preciso analisar esse conceito do desenvolvimento histórico para concluir ser ele equivalente à noção de que o progresso das sociedades humanas se faz por um encadeamento de revoluções e não pelo fluxo contínuo de uma evolução gradual e essencialmente homogênea. Em outras