são por tal forma incompatíveis com o conceito hierárquico identificado com a própria ideia de organização, qualquer que seja a natureza desta, que para o regime democrático produzir os resultados satisfatórios, incontestavelmente obtidos nos países apontados, é preciso que a mentalidade coletiva de tais nações tenha conseguido encontrar uma fórmula prática de aproveitar a teoria do regime no que ela pode ter de estimulante das atividades cívicas, expurgando-a ao mesmo tempo das consequências inevitáveis da sua aplicação literal. Não é um paradoxo dizer-se que a democracia só pode dar bons resultados entre os povos cujo temperamento é essencialmente antidemocrático. Semelhante proposição corresponde rigorosamente à realidade social que se nos depara nos países que citamos como únicos casos de êxito das instituições democráticas. Em todos eles, com exceção da Suíça, que é antes uma liga de municípios preocupados com a solução de problemas de exclusiva administração local, que um Estado no sentido político da expressão, iremos encontrar o fato bem significativo das instituições democráticas terem evoluído dentro da órbita do regime monárquico e com a persistência de uma organização social, em que as formações aristocráticas asseguram uma hierarquia ainda capaz de resistir à ação corrosiva das forças que lhe são adversas. Na própria Noruega, onde não existe aristocracia, sendo ali talvez maior que em qualquer outro país a aproximação de um nivelamento