O Brasil na crise atual

de que as ideias políticas têm o seu sucesso muito menos por conta de razões de ordem intelectual e de motivos lógicos, que em consequência dos resultados satisfatórios da sua aplicação em outros países. Por mais que se condene, com argumentos em grande parte procedentes, a cópia de instituições exóticas, a verdade é que em todas as épocas os homens de pensamento e os legisladores procuraram imitar formas de organização política de povos estrangeiros que à sombra delas haviam prosperado. Não admira, portanto, que o sistema representativo britânico se tenha tornado, desde o século XVIII, o modelo a que pediam inspiração os organizadores políticos das nações ocidentais e mais tarde até dos povos asiáticos influenciados pelo exemplo da Europa. Assim, o prestígio do regime representativo pode ser atribuído exclusivamente à esperança entretida por outras nações de atingirem por meio dele o nível de aperfeiçoamento político, de prosperidade econômica e de bem-estar social a que chegaram os povos de língua inglesa.

Entretanto, uma análise da evolução da Inglaterra e das nações que sucessivamente emergiram como entidades políticas do grande tronco anglo‑saxônico traz‑nos a convicção de haverem laborado em uma ilusão os que julgaram ter sido o sistema representativo causa e não apenas um efeito das condições características do desenvolvimento histórico das nações anglo‑saxônicas. E parece‑nos ainda ter sido talvez maior o erro de supor que as instituições inglesas poderiam aclimatar-se,

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