O Brasil na crise atual

produzindo frutos análogos, fora do ambiente econômico e social em que haviam surgido.

Dois pontos envolvem, a nosso ver, os erros capitais implicados pela imitação do modelo britânico. O primeiro é o esquecimento das origens do sistema representativo na Inglaterra, o outro é a ideia falsa da continuidade da evolução política britânica. A ideia da representação não apareceu no direito público inglês como expressão de um conceito geral de organização política, nem como meio de assegurar ao povo o controle da maquinaria do Estado. Efeitos obtidos nesse sentido vieram a ser mais tarde verificados, mas inicialmente não eram previstos e não se achavam contidos nas finalidades restritas e especiais da representação. Nesse como em tantos outros casos, o peculiar gênio político dos povos anglo‑saxônicos manifestou-se através dos processos empíricos a que ele invariavelmente recorre, solucionando casos concretos particulares em vez de elaborar sistemas que contenham na sua configuração planos aprioristicamente formulados para resolver problemas sociais e políticos. O caso das origens do sistema representativo ilustra caracteristicamente o que acabamos de afirmar.

Desde meados do século XII, a Inglaterra entrara em uma fase de intenso desenvolvimento econômico. O ímpeto dado à vida britânica pela têmpera enérgica e empreendedora que a invasão normanda incutira na mentalidade inglesa, despertando‑lhe traços de aptidão potencial que haviam permanecido em latência até o fim

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