de deixar os governos completamente desembaraçados para o exercício de uma ditadura, cuja autoridade discricionária se foi acentuando à medida que os problemas militares e diplomáticos se tornavam mais complexos e difíceis, serviram para evidenciar que a maquinaria do governo democrático-liberal só funcionava de modo relativamente satisfatório em tempos normais e quando as questões em foco podiam ser solucionadas de acordo com o automatismo da rotina fixada pela prática da ação política e administrativa.
A demonstração da impossibilidade de aplicar os processos de governo associados à crença na evolução gradual da sociedade pelo desenvolvimento da consciência política coletiva, traduzindo-se nas supostas expressões da vontade geral, desde que surgiam situações excepcionais e aberrantes da normalidade, tinha forçosamente de estimular o espírito revolucionista em todos os países direta ou indiretamente afetados pelas consequências da guerra. Formava-se por toda a parte uma consciência nítida do advento de um período histórico, em que os problemas de vulto capazes de determinar crises profundas se iam multiplicar, exigindo frequente recurso a soluções novas e para as quais debalde se procuraria inspiração nos precedentes e nas lições da experiência de épocas anteriores. O que ocorria durante a guerra sob forma extrema e com aspectos dramáticos mais impressionantes passava a constituir a normalidade na fase que se iniciava. Sob a pressão das circunstâncias especialíssimas da situação militar, as contradições