Oswald Spengler (1)Nota do Autor. O genial sociólogo alemão assinalando um fato aliás muito simples e de fácil verificação, mas que antes dele ninguém reconhecera acentuando-lhe a verdadeira significação, mostrou como certas culturas aparecem sem possuir uma consciência coletiva de qualquer processo histórico. São civilizações que, no sentido moderno, não têm história e vivem no apego goethiano à realidade presente. O exemplo mais característico e ao mesmo tempo mais grandioso que Spengler aponta é o da civilização clássica. Desde o alvorecer do grande período antigo nos primórdios da cultura iônica até a orientalização de Roma pelas influências asiáticas e pelas correntes intelectuais alexandrinas, não existe história conforme a entendemos segundo o critério moderno. Tanto na Grécia como em Roma, depara-se-nos uma série de momentos autonômicos e desarticulados do passado, que para cada uma dessas épocas constitui imensa terra de ninguém, onde a fantasia caprichosa de cada pseudo‑historiador e de cada forjador de crônicas fabulosas ergue monumentos ilusórios, consagrando lendas quase sempre por eles totalmente inventadas. Como complemento dessa ausência de passado histórico, os povos clássicos despreocupam‑se também do futuro, não acreditando em qualquer possibilidade evolutiva das formas de organização social em que vivem. Contrastando com essa interpretação