O Brasil na crise atual

orgânicas da sociedade amoldava-se às configurações do cristianismo. A trajetória do progresso idealizado podia variar segundo o prisma individual, mas não divergia nunca da grande miragem da cristianização mundial, a que as descobertas marítimas começadas no século XV vieram dar o aspecto de uma possibilidade acessível à imediata ação política das nações europeias.

Com a grande crise espiritual da Renascença e da Reforma, o curso até então atribuído ao desenvolvimento da civilização ocidental foi mais ou menos violentamente subvertido. A Europa cinde-se em dois mundos respectivamente caracterizados por atitudes espirituais diferentes e radicalmente opostas. Os países incluídos na órbita da latinidade ficam empolgados pela ascendência vencedora do neopaganismo renascentista, enquanto os povos nórdicos recuam espiritualmente sob a influência da Reforma e mais acentuadamente da orientação calvinista para a latitude espiritual judaica ou cristã do período em que a Igreja emergiu do sincretismo religioso romano. Entre o retrocesso evangélico do norte e a paganização mediterrânea, desaparece o cristianismo medieval que fora a criação do gênio europeu na esfera religiosa e que desde a época carlovingiana impusera o seu ritmo espiritual à civilização do Ocidente.

O conceito do progresso e a ideia teleológica das atividades sociais subsistem, mas nenhum sentido claro é determinado pela consciência coletiva a essa marcha

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