O Brasil na crise atual

aptidões e o alcance das suas possibilidades contrapõe-se assim ao ideal da organização do todo pela submissão das unidades ao conjunto e pelo aproveitamento das funções especializadas em uma obra totalizada em que as partes só se beneficiem como elementos de um sistema coeso e unificado.

Toda a história do pensamento político ocidental dos três últimos quartos de século e também a ação prática realizada nesse período exprimem os antagonismos e os esforços ocasionais de combinação entre aquelas duas correntes promanadas respectivamente do ponto de vista spenceriano e do conceito marxista. O declínio do individualismo em face da onda coletivista que se veio avolumando desde as duas últimas décadas do século passado não é de difícil explicação, quando o examinamos em função das condições materiais do mundo contemporâneo. Expressões representativas de duas perspectivas opostas do problema humano, o individualismo e o coletivismo, correspondem assim a aspectos complementares de uma única questão. A liberdade postulada pelo primeiro como objetivo da evolução social e política atende ao lado espiritual do homem, como condição evidente da afirmação das suas aptidões superiores e do progresso cultural inconcebível em um sistema de restrições à ação do pensamento nos domínios da pesquisa, do conhecimento e da manifestação do gênio artístico. Por outro lado, o ideal da organização contido no conceito coletivista corresponde ao problema imediato do aumento da eficiência

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