O Brasil na crise atual

sempre uma ascendência das massas sobre as individualidades superiores. Em tempos de paz estas não se acham na dependência da colaboração de grandes multidões e as energias do espírito predominam muito mais facilmente sobre a força física e emotiva das massas. O que ocorrera invariavelmente no passado veio a ter lugar por ocasião do conflito de 1914 em condições muitíssimo mais acentuadas devido à nova técnica da guerra. Os fatores materiais da vitória, entre os quais se devem incluir o representado pelas massas militares fixadas nas trincheiras e reduzidas a mero instrumento mecânico de matar, preponderaram por tal forma sobre os elementos intelectuais de concepção e de direção estratégica e tática, que bem se compreende a eclosão de uma confiança fanática no valor das massas com os seus corolários igualitários no plano político, social e econômico.

Ao repousar da luta prolongada e extenuante, os povos ocidentais tinham criado na efervescência daqueles quatro anos de devastação e de terror uma verdadeira religião, cujos deuses novos passaram a dominar por completo na sua consciência. A máquina, o volume e o número tornaram-se as figuras invictas da nova trindade, que deveria centralizar o surto de uma civilização contraditória a tudo que se calcinara na fogueira da guerra. A experiência dos combates forçara no espírito dos combatentes a crença de que o homem, tal qual a cultura da Europa o idealizara durante séculos, de pouco ou nada valia. Em face dos elementos

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