tão grande e tão profunda, que parece até inexplicável à primeira vista.
Basta porém analisar os primeiros anos da vida do menino Ireneo Evangelista, de pais quase anônimos; sua infância sem instrução, sua juventude presa aos balcões de uma loja e mais tarde encaminhada para uma cultura inglesa — quase abstrata para o ambiente nacional — para compreendermos que Mauá jamais poderia surgir no panorama brasileiro como político astuto, um dirigente eleitoral, ou grande orador parlamentar. Sua infância, a educação rudimentar, incompleta, prática e estrangeira, determinam a direção central de sua vida: comércio, comércio, comércio...
Não esteve como os grande políticos de seu tempo, preso a uma família que no sul, no norte, no centro do país, acompanhasse por tradição os vaivéns da política nacional. Desgarrado cedo do meio familiar, não viu partir os seus antepassados para nenhum pleito agitado; não escutou de nenhum parente opiniões partidárias, não leu entre os seus nenhum jornal de opinião política. Cresceu só entre estranhos, e muito dificilmente penetraria na casa do português Antônio de Almeida Pereira as ideias que agitavam o ambiente regencial.
A importância deste detalhe é necessário salientar. A família foi, sem dúvida alguma, a melhor escola política do Brasil. Em seu seio é que se formavam ideias sociais, e os maiores homens públicos brasileiros saíram da tradição familiar passada através de gerações. Os núcleos de interesses se caldearam em redor da família — célula estável da sociedade em formação. Os núcleos partidários eram consequência deste grupo inicial, filtrando-se as ideias de pai a filho.
O senhor de engenho, o fazendeiro, o estancieiro, fortaleciam ideias, princípios de um sistema e