de uma educação que se transmitia em gerações. A educação europeia incorporava teorias, mas estas se fundiam ao calor da família e dos interesses ligados à terra do grupo inicial.
Mauá cresceu isolado; não absorveu na infância este aglomerado de princípios familiares que se revelam mais tarde em interesses regionais e nacionais, por extensão. Foi por si mesmo que viu, que analisou, e que julgou os homens de seu tempo. Foi por si mesmo que saiu do estreito ambiente comercial, para alcançar horizontes mais amplos. E naturalmente este autodidatismo social (como seu autodidatismo literário) formou um Mauá utopista, no terreno das realizações públicas e partidaristas.
Ele é no entanto assim compreendido mais humano e, principalmente, mais interessante do que aquele "varão de Plutarco" que procura estar sempre por cima dos acontecimentos, sem tocá-los. E não se pode ler honestamente esta correspondência trocada durante 30 anos, entre Mauá e Lamas, sem se perder essa ideia falsa e bonita com que seu biógrafo mais conhecido pretendeu apresentá-lo à juventude brasileira para exemplo... Mauá erra, erra, erra fantástica e fragorosamente. E de tal maneira, que às vezes me pergunto como podia desconhecer tanto o ambiente em que atuava?
É o homem perdido numa maré de sonhos, de ideias de edificar um país mais forte, onde pudesse expandir seu gênio industrial. E o Brasil era demasiado denso, demasiado falível nas suas contradições básicas — escravidão e industrialização — para permitir uma figura mais coerente que a dele.
Ligado debilmente à terra nos seus anos iniciais; com as vistas voltadas para fora, o comerciante Ireneo sofria também forçosamente a influência dos vícios que