distanciaram Ireneo Evangelista de Sousa dos de sua geração. Se ele tivesse sido criado dentro de uma família tradicionalista, que cedo enviava seus filhos à Europa, certamente não teria tido ideia de pensar na indústria. Voltaria de lá em busca de um posto na política; exerceria uma profissão liberal, criaria ideias abolicionistas, estudaria gramática, literatura e seria como centenas de contemporâneos que venceram o anonimato. Nunca, porém, pensaria em criar uma indústria pesada e de cortar o país de estradas de ferro.
Ele, porém, teve uma formação diferente daqueles com os quais se enfrentaria mais tarde nas lutas parlamentares: e quando a cultura inglesa pôde penetrá-lo, sua educação incipiente, mas fundamentalmente prática ao contato com a vida, já estava terminada. Não foi portanto uma influência literária, como a que serviu de capa à maioria dos liberais de sua geração, mas uma influência que soube encontrar eco dentro de seu coração habituado aos trabalhos, e de sua cabeça familiarizada com os câmbios, as moedas, os envios para o exterior.
Ler a Mill, a Say, despertava nos seus contemporâneos ideais liberais, sonhos de liberalismo econômico, mas sempre sonhos. As utopias de legislação liberal, dentro de um sistema escravagista, transformavam o ambiente nacional num campo de batalha, no qual na maioria das vezes não se sabia porque se combatia. Em troca Mauá, pondo-se em contato com a cultura inglesa, liberal, avançada para a época, reagia como uma necessidade de construir, de realizar. Nada tinha de comum entre seu desejo de navegar os rios do Brasil; de canalizar as águas para abastecer as cidades; de aumentar o meio circulante; de iluminar a gás os centros urbanos do Brasil; de abrir bancos, de fazer estradas de ferro que facilitassem a distribuição da produção estancada nos centros produtores do país, com os discursos inflamados