A aristocracia rural dos senhores de engenho, dos fazendeiros, dos proprietários de terras e de gado, predomina no Brasil dado ao caráter fundamentalmente ruralista, escravocrata e latifundiário de nossa civilização, mas cedo sustenta o choque da influência urbana.
A necessidade da lavoura faz entrar no Brasil a escravidão quase que com os primeiros colonizadores. A partir do século XVII se intensifica de uma forma o tráfico, à proporção que as plantações de cana, extensivas por princípio, exigem mão de obra numerosa. A inadaptação do índio brasileiro às novas exigências agrícolas, determina a grande importação africana que veio marcar definitivamente a civilização brasileira como escravagista e latifundiária.
Para desmontar a pesada máquina que se plantara sobre o braço escravo, foi necessário que as necessidades de uma indústria nascente exigissem mão de obra especializada e melhor preparada.
O que dá pois um caráter especial a esta sociedade é o sistema organizado sobre a escravatura; impossível iludir este fato, porque sobre ele se assentam todos os outros secundários e de valor relativo.
O intenso comércio negreiro trouxe para o Brasil, possivelmente, cerca de seis milhões de negros, durante três séculos de vida. A passagem da economia agrária à economia industrialista só era possível com uma transformação nos métodos e sistemas sociais de produção. Os representantes das camadas dirigentes — os fazendeiros, os senhores de engenho, os mineiros e proprietários rurais, se opuseram à abolição até que o desenvolvimento social levou o problema a ser encarado de perto como uma questão de vida para os próprios organismos sociais que os sustentavam. A penetração das ideias liberais se faz no Brasil dos centros urbanos para os centros rurais; dos centros litorâneos aos centros do sertão; do Sul ao