Correspondência política de Mauá no Rio da Prata (1850-1885)

Norte, até ser tomado o problema pelos próprios fazendeiros de São Paulo que se colocam à frente do movimento — transformando o campo e substituindo, com a imigração, o trabalho escravo pelo trabalho livre.

É do Sul que vem a forte corrente abolicionista, influenciada pelo contato com as repúblicas do Prata, e preparada pelas suas próprias condições sociais.

A colonização dos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande, feita em grande parte por imigrantes estrangeiros, naturalmente foi um fator de importância na libertação da escravatura.

O Brasil que Manoel Bonfim tão sutilmente explica como sendo o país das revoluções a meias, teve pela pesada base escravocrata, tão longamente sustentada, a característica de ser o país que fundiu e caldeou os elementos mais díspares, sem destruí-los de todo, mas transformando-os ao seu calor.

Os movimentos revolucionários, políticos, que traziam em seus programas reformas radicais, transformaram-se, no curso dos acontecimentos, em débeis movimentos de superfície com pouca conexão com os princípios que os inspiraram. Somente desta forma se explica o entroncamento dos diversos sistemas sociais — escravidão, medievalismo e indústria. O carro de boi e a locomotiva; o telégrafo, o cabo submarino e as formas primitivas da cultura e da produção. Revolução industrial em pequenas zonas e permanência agrária nos outros maiores centros.

A dificuldade de operar em semelhante meio ambiente faz de Mauá um homem de esforço gigantesco, em luta perpétua contra as formas antiquadas, em campanha

Correspondência política de Mauá no Rio da Prata (1850-1885) - Página 29 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra