Correspondência política de Mauá no Rio da Prata (1850-1885)

A comparação política e administrativa do Brasil com os principais países, Estados Unidos, França e Inglaterra, colocou-o dentro de um ponto de vista estritamente político. A ilusão da democracia inglesa e os erros do centralismo francês levaram Tavares Bastos a lutar por um modelo mais amplo de organização política que em nada se parecesse com o modelo de Luís Felippe ou Napoleão III.

Mauá, sem a cultura de Tavares Bastos, tem uma consciência mais clara dos problemas nacionais, tentando pela base o que o outro tentava pela superfície. Constrói, movimenta capitais e sofre, como Tavares Bastos, amargas decepções.

A situação dos países da América, depois de rompidos os laços que os prendiam à Espanha, era de desmembramento em pequenos estados que muitas vezes não correspondiam aos interesses de nacionalidades, mas sim dos das grandes potências mundiais. A emancipação da Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai, principalmente, obedeceu muito mais a este critério, que ao americano. Um ofício de Adams, dirigido a Monroe em 1816, diz: "O sentimento nacional na Inglaterra é forte em favor dos sul-americanos; e a opinião dominante é que a sua independência seria altamente vantajosa para os interesses deste país".

A situação dos países da América do Sul era olhada na Inglaterra e nas demais grandes nações com o exagero próprio da época; acreditava-se que os seus mercados ultrapassavam 20 milhões de homens, e isto era o verdadeiro móvel da interferência nos assuntos americanos — expansão para as mercadorias, fechadas na Europa por tarifas aduaneiras protecionistas. Houve um momento em que os interesses da América do Norte coincidiam com os da Inglaterra, com relação aos estados do resto do

Correspondência política de Mauá no Rio da Prata (1850-1885) - Página 32 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra