Tobias Barreto: a época e o homem. (em apêndice o Discurso em mangas de camisa com as notas e adições)

O tempestuoso rompimento verificou-se em 1866. Para Castro Alves, a vida corria descuidada e feliz. Para Tobias, era já um fardo que ele tinha de suportar com as próprias forças. O sentimento desse contraste não deve ter sido alheio ao tom desabrido que Tobias imprimiu, de sua parte, à polêmica que, então, entre os dois antigos camaradas se travou.

A primeira, dolorosa humilhação que sua condição social lhe reservava ocorreu em 1868. Havia algum tempo, apaixonara-se por Leocádia Cavalcanti, flor da aristocracia pernambucana, e a quem conhecera como professor de um dos seus irmãos. Fora um grande amor que lhe enchera a alma de sonhos e de poesia. Mas a oposição da família de Leocádia acabou cortando a Tobias toda a esperança de casamento, porque ele era pobre e mestiço.

Até então, pudera vencer as dificuldades com trabalho e tenacidade. Agora, porém, era um obstáculo irremovível, em que se concretizavam distinções sociais ligadas a preconceitos de raça, cor e posição, que se lhe opunha. Destas distinções sempre tivera o pressentimento e elas é que, desde cedo, concorrem para marcar-lhe a personalidade com o azedume, o pessimismo e a agressividade, que a caraterizam.

À estreiteza dos preconceitos em vão dirigiu um supremo apelo:

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