"Mas tu foges de mim!... ouve, espera:
Se procuras saber quem eu sou,
Diga o anjo que sempre comigo
Minhas magoas sentiu e chorou.
Diga a lua a quem conto os meus sonhos.
A quem dou para ver e guardar
Meu tesouro de lágrimas puras
Que as angústias me querem roubar."
O velho Cavalcanti não escutava versos. Queria pergaminhos! Tobias pensou até no suicídio.
Graças à exuberância do temperamento, à sua prodigiosa seiva, à fantasia, à capacidade criadora da imaginação, prontamente se refazia dos sofrimentos, derrotas e humilhações. Seus estados de alma sucediam-se com a rapidez das mutações no céu tropical. Da melancolia mais profunda, do ceticismo mais displicente passava às expansões mais calorosas. Sua atividade pontilhava-se de ímpetos e recuos. Aos transportes de entusiasmo sucediam crises de depressão. Sílvio Romero viu-o, muitas vezes, rir e chorar como uma criança, entregue ao drama da própria sensibilidade.
Ao cabo, triunfava a força animal de viver, o desejo de participar do amor, das coisas belas e agradáveis, o desejo de intervir, de esclarecer, de tomar partido. Não podia ser indiferente. Queria estar no centro de tudo, debatendo, dirigindo, censurando. Só parava em casa para estudar e escrever.