Tobias Barreto: a época e o homem. (em apêndice o Discurso em mangas de camisa com as notas e adições)

A tribuna popular ganhara com a sua presença riqueza nunca vista de tons e colorido. Era apocalítico, arrebatado, sem medida nos gestos, sem correção de atitudes, traduzindo num jogo fisionômico de admirável intensidade os sentimentos, paixões e horrores que anunciavam as palavras, caídas dos seus grossos lábios, como borbotões quentes. Que diferença, se comparado a outra grande figura contemporânea de tribuno, a Joaquim Nabuco! Este tinha a atitude grave, falava como quem estivesse posando para a posteridade, quase hierático, e, só nos trechos em que o entusiasmo o dominava, espalmava a mão direita, com o braço em posição vertical, movendo-a, num leve tremor de dedos, lenta e ascencionalmente. A palavra de um, recorda Phaelante, de feições corretas e elegância apurada, parecia "descer cantando dos cimos de sua inteligência, iluminada pela íris da abolição"; enquanto a palavra do outro, mestiço de cabeça grande e cabelos em desalinho, de olhos flamejantes, de boca escancarada como a de uma máscara, parecia "sair bruscamente e aos jactos do subsolo de suas resistências hereditárias"(7). Nota do Autor

Entretanto, o mundo se transformava. As tendências românticas iam cedendo às novas tendências críticas; a exaltação da personalidade e dos

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