Tobias Barreto: a época e o homem. (em apêndice o Discurso em mangas de camisa com as notas e adições)

Pode-se perfeitamente calcular pelo que ainda hoje acontece, até onde a educação verbalista, escolástica e literária dos nossos antigos colégios agravava os males de uma sociedade que, pela sua organização escravocrata, tinha já em pouco apreço as atividades comerciais, industriais e técnicas. Não se cogitava de imprimir direções práticas e utilitárias à inteligência. Era o conhecimento doutrinário, "desinteressado" que enobrecia. O colégio dourava literária, humanistamente; para o estágio das escolas superiores, a descendência da aristocracia rural a quem iria caber, dentro do mecanismo social dominante, os postos de governo e direção.

Em Tobias haveria de, fatalmente, produzir-se, entre as condições sociais em que se operou sua formação intelectual e a vida prática que lhe cabia enfrentar, depois de formado, um desses desequilíbrios profundos de que ele pode, aliás, ser considerado, na história da educação brasileira, perfeito símbolo. Seguramente, se existisse carreira universitária no Brasil, Tobias teria errado menos, sofrido menos. Sua vocação para debater, para criticar, para pensar logo se encaminharia para uma orientação compatível com os seus pendores. Mas não. Urgia ganhar a vida e foi advogar. Porém, não advogou jamais com alegria e sim como um condenado a trabalhos forçados. Achava chata, cheia de preocupações mesquinhas, a advocacia. Como conciliar, ao lado do prosaísmo praxista do agravo de petição ou

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