Tavares Bastos (Aureliano Cândido): 1839-1875

guerra da Cabanada de Panellas de Miranda, em 1832, e morto em combate o caudilho Antonio Thimoteo que a dirigia, aparece de súbito, improvisadamente, o novo chefe, mais audaz e mais terrível.

Era uma figura singular, esse caboclo nordestino, de compleição sólida, traços fortes, cabelos duros, peito largo de tribuno, ou de guerreiro, fronte vincada de obstinado, boca de lábios ansiosos, traindo a cupidez e a luxúria. O nariz impertinente aumentava-lhe o tom de arrogância da máscara, que o olhar oblíquo atenuava, dando a impressão de astúcia e de dissimulada perversidade.

Nascido nos fins do século dezoito, filho do vigário de Goiana, o cabo de esquadra, desertor do Exército Imperial - Vicente Ferreira Tavares Coutinho assumia o comando das hostes cabanas.

Valente como as armas e dextro no manejo delas, de bons músculos, preciso na pontaria, ágil; de movimentos de uma elasticidade felina, o caboclo rebelde desdobrava-se na ação.

O seu prestígio impôs-se logo entre os comandados. Possuía bem forte o dom magnético de comunicação, que conduz à disciplina, e que nos chefes é o segredo da autoridade.

Acossados pelas forças legais, os Cabanos são desalojados, desbaratados, mas Vicente de Paula não se rende, e com os recursos reduzidos interna-se nas matas. Funda-se aí o seu império...

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