pelo tempo e pelo dinheiro necessário ao deslocamento de homens e coisas. As distâncias sul-americanas são grandes, multiplicadas ainda pela natureza muitas vezes arcaica dos meios de transporte transcontinental. O Brasil, que fica no centro do subcontinente, tem fronteiras comuns com todos os países sul-americanos, com exceção de dois, o Chile e o Equador, mas com nenhum deles existe qualquer outra grande via de comunicação, a não ser o mar.

Realmente, as vias de comunicação não foram traçadas com o fim de assegurar a unidade do continente e sim para ligar as suas diversas partes ao resto do mundo. Com exceção da República Argentina e do Uruguai, os países sul-americanos não são países essencialmente novos. São países pouco povoados e pouco desenvolvidos que, muito depois de terem conquistado a independência política, continuaram atrasados do ponto de vista econômico e social, no período colonial. Quando existem meios de transporte eficazes, trazem eles ainda, quase sempre, a marca de uma estrutura colonial em que as vias de comunicação, dirigidas para as metrópoles econômicas transatlânticas, se orientam todas para o mar. Com relação à superfície do território, são poucas ainda as estradas de ferro e de rodagem na América do Sul; excetuando-se alguns pontos de população densa e de forte atividade econômica, nem as estradas de ferro, nem as de rodagem constituem uma rede destinada a unir entre si as diversas regiões do país, muito menos os diversos países.

Na Europa, politicamente dividida, mas economicamente unida, as vias de comunicação formam um sistema harmônico que atinge maior densidade nas regiões centrais da Europa Ocidental, unindo assim os diversos Estados do continente. Na América do Sul as vias de comunicação são constituídas por troncos independentes, cada qual pondo em contato centros de população ou de produção com o mar e não com os vizinhos do continente. Somente nos dois extremos do continente - ao sul entre o Chile e a República Argentina, ao norte entre a Venezuela e a Colômbia - existem estradas de rodagem e ferrovias que ligam, de maneira precária, aliás, o Atlântico e o Pacífico. A situação talvez se modifique no futuro, mas até o presente os povos sul-americanos, todos de frente para o mar, vivem de costas voltadas entre si.

As fronteiras europeias, apesar das barreiras econômicas, são linhas em que os povos vizinhos se encontram, mesmo que disso se aproveitem para lutar. Na América do Sul as fronteiras