são frequentemente zonas imensas, fracamente povoadas e às vezes apenas exploradas, em que a penetração é tão difícil que isola os povos uns dos outros, não lhes sendo nem mesmo necessário vigiá-las. Nas fronteiras do Brasil com a Bolívia e sobretudo com a Colômbia e o Peru, o centro do continente, livre de qualquer população sedentária, constitui um vazio em que ainda prevalecem os meios de comunicação primitivos, cuja lentidão, pequena capacidade e preço constituem a mais eficaz das barreiras.

Para leste e para oeste, uma América abre-se sobre o Oceano Atlântico e outra sobre o Pacífico, tanto mais separadas entre si quanto o obstáculo das distâncias é duplicado por dois outros, tão agrestes, que têm permanentemente barrado até mesmo a aviação: a altitude de uma cadeia de montanhas, cujas gargantas elevadas não podem ser transpostas "por ferrovias ou rodovias senão nas duas extremidades, e a floresta equatorial, que não é atravessada por estradas de ferro, ou de rodagem, nem mesmo por veredas, e na qual a escassez da população nem sequer permitiu o transporte. Essa zona central da América do Sul isolou tão bem uma da outra, as duas Américas do Sul, que parece mesmo não ter sido possível às civilizações andinas pré-colombianas transmitirem aos primitivos do Leste outros traços culturais além de algumas técnicas de que são testemunhas as cerâmicas que, nas margens do Amazonas, parecem trazer a marca de uma influência andina.

No estado atual dos transportes terrestres, o centro da América do Sul ainda constitui uma fronteira mais difícil de transpor do que a do Saara, entre a África do Norte e a África Negra; circula-se com dificuldade nos desertos áridos; na floresta tropical não é possível afastar-se dos cursos de água sem desbravar a floresta e construir uma infraestrutura, tão dispendiosa, que deve ser posterior ao povoamento, ao qual não pode preceder, como aconteceu nas planícies centrais da América do Norte, no século XIX.

A persistência do isolamento econômico

É verdade que, de uns vinte anos para cá, o avião pôde vencer a distância e os obstáculos naturais, sem exigir grandes obras em terra. Em virtude, exatamente, das dificuldades de