Os dois Brasis

Andina, porque os colonos espanhóis, relativamente pouco marcados pelos preconceitos de raça, souberam assimilar os indígenas, ou a eles se assimilar; mas a assimilação não é total e qualquer descuido pode provocar o conflito.

Em todo caso, é certo que a América Andina não é uma América Ibérica ou Latina, no sentido em que os E.U.A. constituem uma América Anglo-Saxônica; pelo sangue ela é uma América indígena, na qual a predominância da cultura europeia está, em parte, ligada à persistência das estruturas sociais hierarquizadas do período colonial.

O aspecto platino

A composição étnica das repúblicas do Prata é totalmente diferente. No extremo sudoeste do continente, assim como no Brasil, os europeus não encontraram, ao chegar, uma civilização indígena, mas, unicamente, populações esparsas, cujas técnicas muito rudimentares não lhes permitiram multiplicar-se ou organizar-se. Na Argentina e no Uruguai, como nos E.U.A., o primitivo indígena, pouco numeroso, desapareceu ante a colonização europeia, sem nada deixar além de raros vestígios de um passado abolido e, entre os descendentes dos colonos estabelecidos há mais tempo, uma imperceptível mestiçagem cujos portadores procuram hoje, com orgulho, os traços invisíveis como prova da presença dos seus antepassados no país à época em que ainda havia índios fora das reservas.

A República Argentina e o Uruguai são dois países de população mais puramente europeia do que os E.U.A.; neles os mestiços são raros e os índios não sobrevivem senão como curiosidade etnográfica:

Europeus – Mestiços - Índios

Uruguai – 88% - 10% - 2%

Argentina - 86% - 12% - 2%

O termo América Latina só é válido para esses dois países e é preferível ao de América Ibérica porque os italianos e mesmo os franceses contribuíram, intensamente os primeiros, e, apreciavelmente, os segundos, para o seu povoamento recente. São

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