conhecer, imediatamente convidou-me a acompanhá-lo em sua próxima viagem. Foi um gesto de grande bondade, gesto que somente outro antropologista pode entender perfeitamente, pois todos os que trabalham com uma tribo, dificilmente, podem evitar certo sentimento de "propriedade", e pensam nela como a "sua" tribo. Seu gesto, porém, foi gentil por outro motivo. Embora eu houvesse realizado algumas viagens anteriormente, nunca vira o interior de uma floresta tropical, e nada sabia quanto às dificuldades práticas do estudo antropológico local. O senhor Ribeiro(2) Nota do Tradutor, por isso, tomou tudo por sua conta e disse-me que deixasse os pormenores práticos da viagem com ele.
Partimos, em junho de 1951, aproveitando a estação seca que termina por dezembro. Do Rio voamos até Belém, onde compramos a maior parte de nossos mantimentos; providenciou Darcy Ribeiro para que eles fossem enviados, pelo rio Gurupi, para Canindé, onde o Serviço de Proteção aos Índios mantém um posto para os urubus. Fomos, entretanto, por outro caminho: voamos, primeiro, até São Luís, na embocadura do rio Pindaré, daí subimos, por asse rio, até o posto de Gonçalves Dias, em torno do qual outra tribo de fala tupi, os guajajaras ou tembés, estão aldeados. Partindo desse posto, caminhamos através da floresta e atingimos o território dos urubus que vivem entre o Pindaré e o Gurupi, rios que se dirigem, mais ou menos, em direção norte-este(3) Nota do Autor.
Após visitar algumas aldeias juntos, eu e o Prof. Darcy Ribeiro separamo-nos: ele, para continuar o trabalho que havia começado, um ano antes, e eu - agora