O Marquês de Pombal e o Brasil

para o ajudar nas grandes fadigas que lhe vão preparadas, o Sr. José Antonio Freire de Andrada: porque a real benignidade não se contentando somente de dar a V. S.ª um camarada com quem repartisse o trabalho para lhe ficar menos oneroso depois de dividido, se estendeu a mandar a V. S.ª o companheiro que pela proximidade do parentesco e pelas suas boas partes, considerou que seria mais agradável a V. S.ª e mais próprio para merecer toda a sua confiança.

Sendo o mesmo Senhor informado de que na pessoa de Pascoal de Azevedo concorriam não só as qualidades de honra e prudência, mas também as de experiência da disciplina das tropas e do modo de viver entre os espanhóis; e sabendo que este oficial era da aprovação de V. S.ª, foi servido mandá-lo na mesma ocasião passar a esse Estado à ordem de V. S.ª para V. S.ª o empregar onde julgar que seu préstimo e fidelidade podem ser mais úteis ao serviço real.

Também aqui se fez conta que o tenente-general José Fernandes Pinto de Alpoim, constando a S. Majestade que é oficial de inteligência e préstimo, e que tem servido bem debaixo das ordens de V. S.ª Ao mesmo tempo houve, porém, informação de que o dito oficial tem alguma aspereza de gênio, que fará com que dificilmente se possa conservar em paz, e em respeito com os seus subalternos, obrando como chefe; e muito mais com os oficiais espanhóis com quem deverão concorrer as tropas de S. Majestade, enquanto andarem nas expedições a que são destinadas. O que tudo V. S.ª aí combinará e regulará com o maior conhecimento que tem do dito oficial.

Os outros oficiais que vão descritos na segunda relação, que também ajuntarei a esta carta, são estrangeiros que se tinham mandado vir ao tempo do falecimento do senhor rei d. João o V, que Deus chamou ao céu, para irem nas referidas expedições, e que achando-se nesta corte chamados para elas, são dirigidos por S. Majestade a V. S.ª, não para serem aí empregados na forma, em que se acham descritos na mesma relação, mas sim e tão somente para que V. S.ª sendo informado da profissão e graduação de todos e cada um deles, os empregue como e onde melhor lhe parecer; de sorte que se possam colher os frutos do préstimo, que os ditos oficiais tiverem, precavendo-se sempre pelo modo possível dos dois perigos, que a prudência política dita que se devem acautelar em semelhantes casos. O primeiro, dos ditos perigos, é recair a principal direção das tropas de S. Majestade e por consequência o principal arbítrio para a divisão dos limites, que se vão demarcar, em estrangeiros, que para amarem

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