A conquista da Paraíba

no reino. Nas vésperas de 1700 ordenava o governo ao capitão-mor da Paraíba - cargo equivalente ao de comandante militar da capitania - que investigasse acerca da cruel matança de tapuias aldeados junto aos cariris da Campina Grande. O autor da chacina era Teodósio de Oliveira Ledo, capitão dos índios que tinham combatido o gentio inimigo nos sertões de Piranhas e Piancó. Escandalizava-se o Conselho del-Rei pelo fato de esse indivíduo "matar a sangue frio muitos dos índios que tomou na guerra". No geral, semelhantes ocorrências, infelizmente não raras nas lutas de conquista, eram ditadas pelo receio da sublevação que poriam em risco a vida dos conquistadores na vizinhança de prisioneiros em maior número do que eles. O mesmo sucedia naquele momento na costa da África, onde os cativos de guerra eram trucidados no fim de algum tempo, acaso não encontrassem embarque para a América.

Em igual delito incidiu o "Mestre dos Paulistas", Morais Navarro, mais parecido com capitão de mato, o qual motivou a Carta Régia de 1700 referente aos desmandos por ele praticados contra o gentio tapuia "de nação Paiacu da Ribeira do Jaguaribe". Por esse motivo devia o ouvidor-geral da capitania dirigir-se no maior segredo a esta região do Ceará, com a infantaria que julgasse necessária, para devassar o lastimoso sucesso e tomar as medidas convenientes, a fim de lhe pôr paradeiro. Nestes distúrbios de pretos quilombolas (que depois de fugidos das fazendas formavam "quilombos" no sertão onde praticavam toda sorte de malfeitos) aglomerados no sítio chamado Cumbe, muitos de seus elementos eram provenientes do famoso Palmares que tanto trabalho deu às autoridades da colônia. Por felicidade ainda estava em início o paraibano, de sorte que não foi preciso chamar o terrível Morais Navarro para dispersá-los. Conseguiram o capitão Jerônimo Tovar de

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